Alguns autores afirmam que o termo kitsch tem origem alemã e surgiu no vocabulário artístico por volta de 1860 a partir do verbo kitschen/verkitschen (trapacear, vender alguma coisa em lugar de outra). Outros, como Guimaraens & Cavalcanti (1979), afirmam que há também uma origem do termo na língua inglesa, provinda da palavra sketch, que significa esboço. Na segunda metade do século XIX, quando os turistas americanos queriam comprar uma obra de arte a preço barato eles pediam um sketch.
Como é possível perceber, as controvérsias sobre o termo começam até mesmo em seu significado original, entretanto, apesar da complexidade, entende-se que o seu surgimento ocorreu em um momento no qual havia uma busca pela imitação do artesanato por parte da produção industrial, reforçando a ideia da reprodutibilidade e democratizando a cultura e economia. Nesse sentido, com o intuito de atender às massas, a qualidade e a profundidade filosófica dos objetos são deixadas em segundo plano, distorcendo, muitas vezes, a estética e o significado do seu modelo original. O teórico Walter Benjamin — grande entusiasta do tema — afirmava que esse estilo visa trazer gratificação instantânea aos espectadores, sem ter que investir intelectualmente nisso, como uma interpretação confortável e direta de formas de arte e ornamentação consideradas superiores. Em vista disso, por meio da absorção dos elementos típicos das classes mais abastadas, é possível entender o kitsch também sob o desejo de alcançar um status sociocultural superior, atrelado a um complexo processo de renovação das elites.
Em termos práticos, o kitsch pode ser aplicado à diferentes disciplinas desde a literatura, música, vestuário, decoração de ambientes e arquitetura. No que diz respeito aos objetos ou edifícios, podem ser considerados kitsch aqueles que apresentarem alguma das seguintes características: imitação (de obra de arte ou de outro objeto), exagero (nas cores, texturas, materiais ou proporções); ocupação do espaço equivocado (um carrinho de mão usado como floreira em um canteiro de obras) e perda da função original (uma jarra em formato de abacaxi, por exemplo).
Na arquitetura, o estilo kitsch é muitas vezes associado a edifícios comerciais, como shoppings, hotéis, cassinos e parques temáticos, que buscam atrair a atenção do público com fachadas extravagantes e iluminação chamativa. Nesse sentido, algumas características comuns da arquitetura kitsch incluem também: elementos decorativos exagerados como esculturas, molduras e ornamentos; mistura de estilos arquitetônicos como neoclássico, barroco, rococó; uso de materiais brilhantes e reflexivos como vidros, espelhos e metais; ênfase no aspecto visual e na ostentação de riqueza ou opulência.
Como um termo controverso, apesar do kitsch soar muitas vezes exagerado e cafona, ele também pode ser entendido como uma forma de expressão artística que convida a refletir sobre a cultura e os valores de uma determinada época ou sociedade, seja por meio de uma sátira ou não. Nesse sentido, vale ressaltar que é possível encontrar semelhanças entre o kitsch e o movimento pós-moderno no qual há a busca pelo simbólico em uma reação contra as normas rígidas da padronização do funcionalismo moderno procurando gerar uma diferenciação individual e uma afirmação social.
Existem muitos exemplares icônicos da arquitetura kitsch em todo o mundo, e a cidade de Las Vegas concentra muitos deles, materializando o termo em um ideal de ascensão social com edificações que remetem ao extremo luxo. Nela também são vistas recriações de monumentos existentes ao redor do mundo como a Torre Eiffel ou a Estátua da Liberdade inseridas em meio a outras edificações que competem entre si gerando um ambiente caótico.
Ao longo dos séculos, a manifestação kitsch na arquitetura nunca veio à tona como um grande movimento definidor, entretanto, se manteve sempre presente trazendo também importantes reflexões sobre o papel da cultura de massa como território de fronteira entre arte e arquitetura eruditas e populares.